A realidade é mais doce que o sonho...

A realidade é mais doce que o sonho... (Reality is sweeter than dream...)


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Musica na Semana do "Saco Cheio"

Concerto da OSESP sábado dia 15 de outubro de 2011: concerto de Professores, Mestres, verdadeira homenagem à data.
A começar pelo jovem e talentosíssimo maestro russo Vasily Petrenko como grande e preciso comandante da Orquestra na Sinfonia nº11 de Shostakovich, nos impelindo para o meio do campo de batalha sem ter para onde fugir. Música bélica de um povo que viveu guerras; nós brasileiros nao sabemos o que vem a ser isso, mas a música transportou-nos e nos fez respirar um pouco daquela atmosfera inflamável.
Agora, é preciso dizer: quando a multicultural OSESP tem um líder como esse à frente interpretando uma peça decente,  todos os seus talentos brilham - como sabemos que podem - em visível deleite e nós na platéia levitamos. Os timbres diferenciados do 1º trombone, 1º trompete e 1ª trompa, todos do histórico quinteto Metalessência, sao mesmo o molho daqueles metais, pontuados pela brilhante Beth del Grande nos tímpanos e toda a percussão. Inaceitável a Orquestra se apresentar com qualquer coisa que esteja abaixo do nível desse concerto e igualmente inaceitável a platéia já tão cativa aplaudir de pé uma grande obra mau executada só porque se trata de uma grande obra, uma figurinha famosa, o que não a move, os "vinhos honestos", para usar um termo tão em voga quanto brochante. Aqui vai uma oportuna explicação: só se aplaude de pé a Arte que impeliu a alma do ouvinte a puxar seu corpo levantando-se com ímpeto da poltrona.
Ópera L'Enfant et les Sortilêges, de Ravel, montagem do Teatro Municipal de SP, récita do Dia das Crianças: aquele clima gostoso da alegria das crianças e suas famílias na platéia, mas aquele clima de vazio ao término do espetáculo e aquela cordialidade pró-forma dos solistas a caráter no saguão recebendo os cumprimentos. Conversei com pessoas que foram ver em outros dias e não souberam definir o que faltava: "Os aplausos foram injustamente frios, o cenário estava tão lindo, as vestimentas também!"; "Nada fazia muito nexo, não gostei das vozes"; "Gostei dos cenários e do balé, mas havia mais efeitos sonoros do que música"; "A temática não era para crianças". Era sim. Eu, mãe de 3 meninos de 6 e 7 anos assisti várias vezes com eles o dvd-referência do Netherlands Dance Theater e eles vivem querendo ver de novo e de novo, assim como o dvd de "A Menina das Nuvens", de Villa-Lobos. Foram comigo na récita do Dia das Crianças, e senti que gostaram, mas esperavam muito mais. Perguntei ao menorzinho, muito sensível, se gostaria de assistir de novo, já que os avós iriam na récita do dia 15 e ele disse "Não, obrigado". Pensei: "Let's double check..." (Vamos conferir) e mais tarde refiz o convite - a resposta foi a mesma.
Essa fantasia lírica é de grande apelo às crianças sim, trama recheada de bichinhos, sapos, pássaros, relógios e xícaras falantes, poltronas que dançam... A música híbrida entre lírica e incidental precisa seguir de mãos dadas com direção coesa sobre o fio condutor dado pelo causador de toda aquela baderna: o menino que "se encheu" de fazer a lição e surtou com tudo a sua volta. Mas o menino estava perdido como se não soubesse qual era a história que estava sendo contada, como se não soubesse porque estava vestido com uniforme de futebol, e sua voz estava pesada demais para um menino. As outras vozes eram boas sim, mas não se bastaram sem o fio condutor da trama.
Com delicadeza,
Beth Ratzersdorf

Um comentário:

  1. Aqui vai uma oportuna explicação: só se aplaude de pé a Arte que impeliu a alma do ouvinte a puxar seu corpo levantando-se com ímpeto da poltrona.

    Arrasou, Beths!! Essa frase diz tudo sobre você e sobre sua música!! E diz tudo sobre o que eu acho da Arte!!!!

    Ei, quero foto minha aí nesse blog!! Eu fico com ciúmes da Niza... Tudo é Niza: em casa, no blog... Já não basta ela morar perto de você não, é?!!!!!!:) Cadê eu (carente profissional)?

    Beijos,

    Luciana.

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