A realidade é mais doce que o sonho...

A realidade é mais doce que o sonho... (Reality is sweeter than dream...)


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

FECHAMENTO DO TRIMESTRE COM FESTA DE ANIVERSÁRIO (*post de abril/14)

Desde 27 de janeiro que eu e mamãe estamos estudando diariamente no café da manhã. Foi um trimestre cheio, onde além de estudar, aproveitei todos os momentos de sol para ganhar desenvoltura na piscina junto com mamãe, iniciei a fisioterapia numa clínica pertinho de casa, inaugurei novas órteses, me livrei da fralda noturna e comemorei meu aniversário de 9 anos com meu irmão gêmeo!


Mamãe tem estado muito cansada, mas não deu moleza na inauguração do novo trimestre: tascou-me uma operação matemática para eu aprender! Como mostrei que estava entendendo pelo menos os grupos de elementos, ela ficou muito feliz e me deu um novo caderno quadriculado para Matemática. Também, o meu caderno geral do 1° trimestre usamos todo!


Papai reforçou a necessidade de eu ficar no parapodium 1/2 horinha todo dia para não perder a cirurgia ortopédica. Como é diferente quando estou em pé no parapódium! Posso alcançar tudo do mesmo ângulo que meus irmãos:


Aguardem que mamãe está preparando um apanhado das aulas que ela vai inventando, para quem quiser idéias.
Na próxima postagem!
OBS.: O livrinho que aparecem no post anterior são: pocket book de cores e formas comprado em viagem e revistão de 365 atividades comprado em banca de jornal.
Beijo!





quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

ESCOLINHA EM CASA

– Ele está mais esperto, né!

Esse foi o comentário do marceneiro que veio fazer alguns reparos na cozinha neste fim de semana depois de 1 ano que não me via. Não foi o 1º a fazer esse comentário nas últimas semanas.
Também, mamãe não perdeu tempo! No mesmo dia que meus irmãos voltaram às aulas, ela "desengavetou" o diploma de Licenciatura e começou a me dar aulas na cozinha durante o café da manhã. Ela reuniu tudo o que aprendeu com as terapeutas nesses 9 anos e resolveu ousar um pouco...
Na escola no ano passado, adaptavam todo meu material em tamanho A3 para identificar mais claramente as letras, formas e números. Como a oftalmo do Laramara prescreveu óculos só para longe, mamãe adotou um caderno igual ao dos meus irmãos, porém inicialmente fez as letras ocupando 2 linhas. Um dia, ela teve a idéia de colocar no meu caderno as primeiras coisas com as quais tenho contato ao acordar e alongar: cueca, calça, meia, sapato.



Outro dia, exploramos o que eu como no café da manhã...


Sempre partindo da minha realidade, fixamos os números que se repetem na minha rotina: às 9h tocou a campainha e o maestro chegou. Olhei para mamãe e falei "Papai" quando o papai começou a cantar. Nessa mesma hora, sempre chega minha cuidadora.


Daqui a 1 mês farei 9 anos, também registrado no meu caderno:




Olha que método sensorial mamãe inventou para eu trabalhar os números: comendo minha torrada com a mão direita e o número grudado na mão esquerda!





Apesar de eu ter toda movimentação do meu lado esquerdo mais comprometida, quero porque quero segurar o lápis na mão esquerda. Será que sou canhoto ou só quero mais sensibilização desse lado ou estou copiando a mamãe que é canhota?



Mamãe não desprezou o knowhow das terapeutas e aproveitou as figuras com velcro...


Enfim, curto muito essa horinha de estudos! Mas não perdi o contato com a escola, vou sempre ansioso buscar meus irmãos onde todos me recebem com muita festa. Minhas professoras do ano passado convidaram para eu ir fazer uma ou outra atividade para não perder o vínculo com meus colegas. Elas só estão esperando passar o Carnaval para definirem os horários. Mamãe também vai pedir que entreguem pelos meus irmãos os convites das festas de aniversário. Depois conto como foi o meu e de meu irmão gêmeo!
Beijo!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

BELEZA FORA DA ESCOLA (tradução do hit Beauty School Dropout do filme "Grease")

Oi!
2014...
Novo Ano, novo amanhecer... "and I'm feeling good".
Depois de férias quentes e ensolaradas onde passei 20 dias na praia, diariamente curtindo me exercitar na água, vivendo a rotina da minha família 24h, tenho a impressão que meus pais tomaram a decisão certa: me tiraram da escola.
Sabe, aqui no Brasil a política do governo é incluir toda e qualquer criança especial - independente do grau de comprometimento - numa escola normal, em um esforço para lutar contra a discriminação. Mas a verdade é que as escolas e professores não estão preparados para o desafio.
Por 3 anos mamãe e papai tentaram de tudo para me encaixar na mesma escola que meus irmãos, que me acolheu com toda a atenção. Começando pelo Infantil numa classe com crianças 2 anos mais novas que eu, tive sorte de terem escolhido para minha classe uma professora muito carinhosa e cuidadosa. Enquanto a questão da sociabilidade reinava, tudo correu bem.
No ano seguinte, continuei com a mesma turma, mas a nova professora não delegava tarefas. Mesmo com todas as reuniões com a coordenação e terapeutas, meu progresso foi quase nulo.
Eu deveria continuar com os mesmos coleguinhas que me adoravam, então no ano passado estreei no 1ºAno. Minha nova e paciente professora que já teve alguma experiência com crianças especiais pode contar com a minha T.O. que se esforçava todas as quintas-feiras no primeiro horário para identificar e adaptar as atividades mais significativas para mim, entre tantas no início da caminhada para a alfabetização. Mas eu ainda estava identificando algumas letras do meu nome...
Mamãe levou todo o 1º semestre para achar uma boa psicopedagoga para me acompanhar em classe e finalmente em setembro ela emplacou um time de terapeutas além da minha babá para me auxiliar. Sem nenhuma ajuda financeira, nem do Estado, nem da escola, ela se viu numa maratona para manter o esquema até dezembro quando recebi meu relatório onde 2/3 dos objetivos "não puderam ser avaliados". Agora eu tinha chegado numa encruzilhada: Como acompanhar meus amigos no 2ºAno? Se eu repetisse o 1ºAno, como poderia me sentir incluído com toda minha altura entre as novas criancinhas??
Então papai, que é um cientista de ponta, fechou o foco: "Devemos partir do Isaac". Ou seja, de algumas das minhas "favorite things": apertar o botão do elevador, passear no shopping, entrar na água com mamãe e papai, achar o game do pinguim no tablet, desenhar, comer e rir com meus irmãos, tirar uma soneca na cama da mamãe e do papai, dançar ao som de ritmos quentes, andar de carro, de andador, ver Peixonauta, ir a festas e concertos...
Se eu estiver na escola, quando encontrarei tempo para tudo isso??


BEAUTY SCHOOL DROPOUT  

Hi!
2014...
It's a new dawn, it's a new year... and I'm feeling good.
After a hot, sunny vacation of 20 days on the beach, daily and gaily excercising in the water, sharing my family's routine full time, I seem to think my parents took the right decision: get me out of school.
You see, here in Brazil it's the State policy that all disabled kids, no matter the grade of difficulty they face, must attend a normal school, in an effort to fight against discrimination. But the truth is schools and teachers are not prepared to bear the quest.
For 3 years Mom and Dad tried everything to fit me in the same school as my brothers', which took me in with wide open arms and attention. Starting from kindergarden in a class with kids 2 years younger than me, I was lucky to have a lovely and very diligent teacher. As long as the social field ruled, everything went all right.
The following year, I carried on with the same group, but the new teacher couldn't manage to share tasks. Despite all the meetings with the coordinator and therapists, progress was practically nule.
Should carry on with my friends who always cared a lot about me, so last year I made my debut in the 1st grade. My new and patient teacher, having had some experience with disabled kids also counted on my therapist who struggled once a week to identify and adapt the effective activities among so many in the first steps of reading and writing. But I was still identifying some letters of my name...
It took Mommy the whole 1st semester to find a good psychopedagogue to accompany me in classroom, and finally in september she pushed in a team of therapists together with my nanny to assist me. With no financial aid whatsoever, she got herself in a marathon trying to hold things together up to December when in my final report 2/3 of the tasks "could not be evaluated". Now I was trapped: how could I follow my mates in the 2nd Grade? If repeating the 1st Grade, how could I feel included with my height among the new toddlers??
So Dad, as an outstanding scientist he is, focused: "The path to follow must start from Isaac". Which means from "a few of my favorite things": call the elevator, be taken to the mall, get into the water with Mum and Dad, play the sliding penguin game on the iPad, draw, eat, hug and laugh with my brothers, take a nap in Mum and Dad's bed, shake to groovy music, ride up and down in our car, use my walker, watch TV, go to parties and concerts...
If I'm at school, when am I gonna find time for all that??